segunda-feira, 25 de junho de 2007

D. Sebastião e o V Império

Eu juro que não faço estas coisas de propósito, mas a poesia parece perseguir-me. Depois da mulher que vendia poemas , que por acaso voltei a encontrar novamente, foi a vez de um senhor na praia, com a pele batida pelo sol e áspera do tabaco, me perguntar se gostava de poesia. Não foi bem se gostava de poesia, foi mais: "Gosta de Fernando Pessoa?". Ao que eu respondi que sim, porque por acaso até gosto de Pessoa, dos heterónimos e do semi-heterónimo (um dia ainda conversaremos sobre os semi-heterónimos). E pensei, se me vai vender um poema, ao menos que seja um poema de Pessoa. Mas não, o senhor não me queria vender nenhum poema, queria era oferecer-me um livro de poemas de Fernado Pessoa.

Poucos minutos depois, sentei-me e abri o livro ao acaso. Deparei-me com o "D. Sebastião" e o "Quinto Império" e pensei que afinal o sebastianismo ainda está vivo, já que todos os líderes de Portugal, por mais promissores que pareçam, acabam perdidos nas areias de um qualquer Alcácer Quibir. O que querem? "Ser descontente é ser homem".

10 comentários:

Paulo disse...

Talvés as manhãs de nevoeiro e os cavalos brancos ainda tragam - vivo - o "Desejado".
Abraço
Paulo

Marta disse...

Esta é das que mais gosto :

"O valor das coisas não está no tempo em que elas duram,
mas na intensidade com que acontecem.
Por isso existem momentos inesquecíveis,
coisas inexplicáveis e
pessoas incomparáveis".

(Fernando Pessoa)

Catarina Soutinho disse...

Será da geografia?
A mim nunca me tentaram vender nada mais que meias, lotarias, guarda-chuvas. Ah, tab já me quiseram vender droga...
Poesia sempre tem outra classe.
Cumprimentos Valetianos

bela lugosi`s dead (F.JSAL) disse...

Gosto do Adiamento, não me recordo se é do Álvaro de campos...mas também não vou confirmar. Quanto aos sebastianismos...vivemos a olhar para o mar, esperando uma nau ultra moderna carregada de ouro e especiarias, enquanto a meioria aproveita para apanhar um solito e aumentar os números relativos ao cancro da pele. Seja como for...o mar está sempre perto e os olhos perdem-se no horizonte.

astuto disse...

E é que continuamos à espera de um salvador... E esse VI Imperio, o da Língua Portuguesa, quem dera que se cumprisse!

Cumps!

Henrik disse...

Se o D. Sebastião voltasse nós como bons portugueses mandávamos de volta o miúdo, afinal, com esta estranha vontade de ser espanhol (não minha, entenda-se, embora não tenha nada contra eles) o Desejado seria muito indesejado. Quem dera que se cumprisse? olhem se levantássemos os rabos das nossas cadeiras e fazer em vez de esperar já há muito que isso estaria resolvido. Se não está resolvido, é porque falta ao nosso povo, VONTADE. Porque para esperança temos o Sebastiao morto e enterrado, eu adoro Pessoa, e a verdade é que ele era Sebastianista eu não o sou. Ele preferia sonhar (felizmente para nós e aplaudo)eu também gosto mas prefiro agir. dá-me mais jeito se é que me faço entender...

Diogo disse...

O «nosso líder» actual não está de forma nenhuma perdido. Está até muito bem situado na teia de gatunos que o fizeram eleger.

Jay Dee disse...

=)

S* disse...

Bem, se um ilustre desconhecido me abordasse para me oferecer um livro de poesia, ao início iria achar muito estranho e desconfiar. Depois iria sentir-me uma sortuda, iria sentir-me abençoada ou coisa assim. Mágico...

**

White_Fox disse...

Por alguma razão isso cheira-me a "Mensagem" de Fernando Pessoa!